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4 de Novembro: Dois Motivos para Celebrar a Criatividade Brasileira.

 

Por Nonato Torres

Hoje é um daqueles dias que me fazem parar e pensar na riqueza que existe no nosso país. O 4 de novembro traz duas comemorações que, pra mim, falam sobre algo que o brasileiro domina como ninguém: a arte de criar e reinventar.

Dia da Favela: O Berço da Resistência e da Cultura

Quando penso na favela, não consigo lembrar só dos problemas que a mídia sempre repete. Claro, as dificuldades são enormes e reais, mas a favela, pra mim, é sinônimo de potência. É onde o samba ganhou seu swing, onde o funk virou o grito de uma geração, onde o cheiro de uma feijoada compartilhada vira ritual de comunidade.

A favela me ensina que criatividade não é luxo, é necessidade. É a mãe que vira cozinheira, costureira e psicóloga ao mesmo tempo. É o jovem que monta um negócio no quarto com um celular e uma ideia genial. É a junção de cores nas fachadas, a invenção de palavras novas, a ginga que vira solução para passar por um beco estreito. Celebrar a favela é celebrar a capacidade humana de encontrar alegria e significado mesmo quando faltam recursos. É reconhecer que muita da "alma" do Brasil foi forjada nesses morros e vielas.

Dia do Inventor: A Homenagem aos "Loucos" Visionários

E aí, na mesma data, a gente comemora o Dia do Inventor. E isso não pode ser coincidência. O inventor brasileiro é, muitas vezes, como o morador da favela: ele se vira com o que tem. Lembro do Santos Dumont, um sonhador que olhou pro céu e decidiu que nós também podíamos voar. Pensar nisso me enche de um orgulho e uma nostalgia boa.

Mas o inventor não é só um gênio isolado num laboratório. É a pessoa que vê um problema no dia a dia e pensa: "Deve ter um jeito melhor de fazer isso". É a professora que cria um método novo para ensinar, o agricultor que desenvolve uma técnica para a terra, o técnico que conserta um eletrodoméstico com um truque que não está em nenhum manual. É a inovação no seu estado mais puro e necessário.

O Elo Invisível: Criatividade como Sobrevivência e Legado

No fundo, o 4 de novembro pra mim é sobre isso: a criatividade como ferramenta de sobrevivência e transformação. A favela inventa modos de viver, o inventor cria modos de evoluir. Ambos são frutos de um mesmo espírito: o de não se conformar, o de olhar para as limitações e enxergar possibilidades onde ninguém mais vê.

São duas faces da mesma moeda que move o Brasil: a resiliência e o talento. Uma nos lembra de onde viemos e a força da nossa comunidade, a outra aponta para onde podemos ir com o poder das nossas ideias.

É um dia para celebrar os anônimos e os famosos, os que constroem com pouco e os que ousam sonhar muito. Um dia, no fundo, para celebrar a gente mesmo.


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