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Índio ou indígena?

 

Por força da Lei nº 14.402, de 8 de julho de 2022, não se usa mais o termo "índio", já que denota uma conotação de forma genérica que não leva em consideração as especificidades de território e de etnia, enquanto que "indígena" é uma palavra que significa "natural do lugar em que vive". O termo exprime que cada povo, de onde quer que seja, é único.

O uso da palavra "índio" reproduz, de forma pejorativa a ideia dos colonizadores de que nossos indígenas são atrasados, de que todos são iguais, sem levar em consideração as diferenças linguísticas e culturais de cada povo, ou de como se autodenominam os indígenas.

A palavra 'indígena' diz muito mais a nosso respeito do que a palavra 'índio'. Indígena quer dizer originário, aquele que está ali antes dos outros". (Daniel Mundurucu)  

"Os colonizadores portugueses e espanhóis, principalmente, usavam a palavra 'índio' para qualquer povo originário que encontravam pelo território. É um termo raso, que não considera qualquer traço individual destes povos. O que estes mesmos povos tentam fazer agora é tomar para si o direito de se definirem e de mostrar que são mais do que o termo exprime", explica a mestra em Linguística Aplicada pela PUC-SP Maria Vitória Berlink.

"Quando dizemos que não somos índios, queremos dizer que somos Mura, Uruéu-Au-Au, Guarasugwe, todos habitantes do território Pindorama, que é como os Tupinambá chamam o que os colonizadores deram o nome de Brasil, mas diferentes". (Márcia Mura)

Apesar da ideia de que o dia 19 de abril é um dia para celebrar os povos indígenas, Márcia Mura defende que não é de comemoração, mas de reinvindicação. "Não temos o que comemorar, porque ainda precisamos reivindicar e pautar nossa lutas. Lutamos todos os dias pelo nosso território, pela nossa cultura e pelo direito de viver como vivemos, quando existe uma sociedade que está nos matando pouco a pouco".

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