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Criação da Província do Amazonas.

 

Em 5 de setembro de 1850, o Amazonas foi elevado à categoria de Província do Império Brasileiro pela Lei nº 582, consolidando sua autonomia política em relação ao Pará. Esse marco, no entanto, foi o resultado de um longo processo histórico e político iniciado com a criação da Capitania de São José do Rio Negro em 1755, que já refletia a necessidade de uma administração própria para a vasta e estratégica região amazônica, rica em recursos naturais e fundamental para a defesa das fronteiras setentrionais do Brasil colonial.

Após a Independência do Brasil, a criação da Comarca do Rio Negro, em 1824, foi um primeiro passo rumo à autonomia administrativa da região. Contudo, essa comarca, transformada em 1832 na Comarca do Alto Amazonas, permaneceu subordinada ao Pará, uma relação marcada por tensões políticas e econômicas, evidenciando o desequilíbrio no desenvolvimento regional. O movimento autonomista liderado por Frei José dos Inocentes, também em 1832, foi uma tentativa de romper com essa subordinação, mas acabou sendo violentamente reprimido pelas autoridades paraenses, o que reforça a complexidade da luta por autonomia.


A questão da autonomia do Amazonas foi debatida em várias frentes ao longo das décadas seguintes. Em 1826, Dom Romualdo Seixas apresentou o primeiro projeto de lei propondo a criação da Província do Rio Negro, destacando-se como uma das primeiras vozes a favor da separação. O projeto, no entanto, não avançou naquele momento. Em 1839, a proposta foi retomada por João Cândido, o que evidencia o crescimento do movimento autonomista na região, porém, mais uma vez, sem resultados concretos.


A efetiva criação da Província do Amazonas só ocorreu em 1850, com o projeto de João Batista Figueiredo Tenreiro Aranha, sancionado pela Lei nº 582. Tenreiro Aranha, que se tornou o primeiro presidente da nova província, foi uma figura chave na concretização desse processo, representando as demandas políticas locais por maior participação nas decisões e controle sobre os recursos da região. Esse momento foi essencial para a história do Amazonas, pois, embora a separação política do Pará tenha sido alcançada, a dependência econômica ainda persistiu, algo que somente começou a ser rompido com a abertura dos rios amazônicos à navegação internacional em 1867. Essa medida foi um divisor de águas, permitindo o acesso direto aos mercados internacionais e impulsionando a economia local, especialmente com a exploração da borracha no final do século XIX.

Portanto, a elevação do Amazonas à categoria de província em 1850 não representou apenas um avanço administrativo, mas também foi o resultado de uma longa trajetória de reivindicações políticas e econômicas, que culminou na construção de uma identidade regional mais forte e autônoma. A autonomia plena, entretanto, só seria consolidada anos depois, com o fortalecimento da economia local e a integração da região ao comércio internacional.

Imagens sugeridas:
1.  Texto da Lei nº 582, que oficializou a criação da Província do Amazonas em 1850.
2. Estátua de João Batista Figueiredo Tenreiro Aranha, destacando sua importância como primeiro presidente da Província do Amazonas e um dos responsáveis pela conquista da autonomia.
3. A primeira bandeira do Amazonas, um símbolo da nova província e de sua luta por autonomia política e econômica.

Texto: Professor Daniel Rodrigues de Lima

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